domingo, 24 de janeiro de 2010

A Terapia Comunitária na dependência dos Benzodiazepínicos: experiência do NASF Céu Azul-Camaragibe, PE

Jandira Saraiva*

Gostaria de informar, relatar, as experiências que estão acontecendo no município de Camaragibe (PE), todas ligadas ao Territorio III , sob a supervisão do NASF Céu Azul, desde julho de 2009. Estamos implantando, através das Unidades de PSF, grupos de usuários dependentes de Benzodiazepínicos (Há pessoas que usam há mais de 25 anos...), com utilização da Terapia Comunitária e sua filosofia.

Introduzir idéias novas, que vão requerer a participação dos comunitários no próprio tratamento, saindo do lugar passivo, de apenas tomadores de remédios da tarja preta, como se fossem "Mágicos", é um grande desafio. Significa, como propõe a TC, ir paulatinamente oferecendo espaço de acolhimento e principalmente de "escuta" respeitosa, interessada, atenta, permitindo a compreensão dentro de cada um, de que eles podem usar as palavras, o falar, para não deixar o corpo falar por eles, doentemente.

É um trabalho lento, pois implica em mudanças de posturas, de visão do mundo, de reconhecimento de qualidades, e que nem sempre é necessario ter " o anel" para coordenar um grupo,já que todos têm condições de trocar,de ensinar e aprender.

Notamos pequenas mudanças, já: o medo de ficar sem o medicamento caiu bastante; a consciência de que há alternativas, como a fitoterapia e exercícios, se mostra presente. E, o que consideramos fundamental, evidencia-se: a gradativa conscientização de que as mudanças devem também partir dos usuários; a confiança em que há caminhos na propia comunidade; a cooperação das Igrejas Evangelicas e Católicas, faltando ainda os Centros Kardecistas.

Mas isso ainda é pouco, face a multiplicidade dos problemas detectados, entre eles: abuso sexual, violência domestica, gravidez precoce etc. Assim pensando, o NASF III está articulando uma reunião entre o Ministerio Publico (Dr GilbertoLúcio, MP-PE e ABEAD) e a Promotora de Camaragibe, com a intenção de reciclar os conselheiros e dar-lhe a consciência de sua missão.

Todos esse fatos e buscas, estão ligadas à TC, à filosofia que a norteia, à pratica das dinâmicas e ao favorecimento da integração de diferentes colaboradores, que ela permite e que muito nos cativa.

O desejo de que outras experiências deste tipo possam surgir já, nos motiva a divulgar este informe sobre os primeiros meses do nosso trabalho, firmando o compromisso de seguir divulgando seus passos.

*Jandira Saraiva - Psiquiatra, Nasf III, Camaragibe PE; Terapeuta Comunitária (SENAD, 2006)"

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